Open/Close Menu Site da Dra. Carolina Ambrogini, Ginecologista e Obstetra em São Paulo - SP, Especialista em Saúde Feminina e Sexualidade, consultório na Vila Olímpia.

Com a pandemia e o isolamento social, há quem diga ter ficado mais difícil para nós mulheres nos manifestarmos e clamarmos por maiores liberdades e direitos legais. Pode ser verdade. Por outro lado, redes sociais como o Twitter, Instagram e o TikTok têm servido para o fortalecimento do feminismo, graças à facilidade em compartilhar vídeos, imagens, textos… ideias.

Casos de assédio no trabalho, salários menores comparado a homens nos mesmos cargos, julgamento com base nas vestimentas e até a rotulação de nosso único dever ser o de mãe e esposa, algo que não necessariamente é um problema, mas se torna um quando uma outra mulher decide não seguir esse padrão, pois a chegada do anticoncepcional, a gradativa inserção da mulher no mercado de trabalho, entre outros aspectos da modernidade, nos deram direito da possibilidade da escolha da maternidade, trazendo uma certa liberdade sexual, quebrando expectativas que não deveríamos carregar só pelo simples fato de ser mulher. Estes são alguns dos exemplos mais gritantes e pelos quais ainda precisamos exigir respeito.

Mas antes de convidá-las para uma próxima manifestação, gostaria que vocês pensassem no machismo que tanto abominamos, de uma forma mais profunda. Foram séculos de uma dominação patriarcal, onde as mulheres eram consideradas seres inferiores e sem capacidade intelectual. O papel feminino era o de esposa e mãe e ponto. Foi com a revolução industrial e depois com as duas grandes guerras mundiais que a mulher foi mostrando, aos poucos, que era sim capaz e que podia trabalhar e produzir tanto quanto um homem. Fomos ganhando poder econômico e a autonomia financeira nos deu coragem para mostrarmos nossa cara nos diversos seguimentos da sociedade, expondo nossas múltiplas capacidades. Com a chegada da pílula anticoncepcional, ganhamos também o direito de escolher o momento da maternidade, trazendo uma certa liberdade sexual.

As mudanças foram muitas e num curto espaço de tempo, analisando todo o cabresto a que fomos submetidas por mais de dois mil anos. E por isto hoje somos independentes, mas carregamos nas costas todo o peso do machismo e, o pior, ainda perpetuamos ele. Pense bem, no seu cotidiano, na criação dos seus filhos, se você não encontra estes traços de desigualdade. Na sua casa, quem é a responsável pelo KIT limpeza-alimentação-roupas? Quando seu marido a ajuda com filhos e tarefas domésticas é prestando um “favor” a você ou é por igual divisão de tarefas? Você acha que estas coisas do lar são mesmo funções femininas, bem como a rotina das crianças? Felizmente, já vemos muitas famílias em que a figura do pai já está bem integrada na educação das crianças. Em algumas, raras, ele é quem não trabalha para se dedicar a elas.

No trabalho, você mulher, já deve ter sofrido algum revés ou deixado de ganhar uma promoção em prol de um colega homem, mas como chefe, deixou de promover alguma funcionária porque ela tinha planos de engravidar? Seja sincera…E com a sua filha, a ensina que meninas devem ser recatadas e que devem se comportar como princesas? Preste atenção, pois há uma propaganda maciça em torno desta imagem feminina e delicada das princesas que vai muito além da identificação da menina com o gênero feminino. Ela vai crescer e vai ter que batalhar muito pelo seu espaço e príncipe nenhum vai vir resolver a situação.

Se queremos mudanças reais na nossa sociedade para que ela se torne mais igualitária, elas devem vir primeiro nos nossos próprios conceitos e na educação das crianças. Só assim, daqui há algum tempo, os homens vão poder chorar à vontade sem isto ser considerado um sinal de ser menos-homem. E nós mulheres, vamos poder relaxar, e sair desta roda-viva em que temos que dar conta de tudo e ainda provar que somos boas. Quero um mundo assim para minha filha!

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