Open/Close Menu Site da Dra. Carolina Ambrogini, Ginecologista e Obstetra em São Paulo - SP, Especialista em Saúde Feminina e Sexualidade, consultório na Vila Olímpia.
ser mãe

Ser mãe e ser feliz

Tenho atendido cada vez mais mulheres que não desejam ser mães. Entre as razões, muitas alegam que, em suas vidas, não há espaço para uma criança, já que elas dão “trabalho demais”. Outras não querem abrir mão de viagens e da liberdade de uma vida sem filhos e tem aquelas que simplesmente não sentem vontade.

Sempre encarei esse fenômeno de forma positiva, como uma desconstrução do mito de que uma mulher precisa ser mãe para se sentir completa. Realmente acho que existem mil e uma formas de nos sentirmos realizadas e felizes sem precisarmos de um filho para preencher uma lacuna. A mulher demorou tanto tempo para se livrar dos únicos papéis que lhe cabiam – o de esposa e mãe – que vejo com naturalidade o fato de agora querer seguir outros caminhos.

Vinha pensando assim até que, outro dia, uma amiga, que sempre quis ser mãe e já estava nas tentativas, me ligou em pânico contando de um atraso menstrual. Ela chorava e dizia que não queria mais ter filhos porque sua vida pessoal iria acabar, que ela não seria mais promovida no trabalho, que não conseguiria mais ir a restaurantes, que o casamento iria para o brejo e que todas as amigas contavam experiências péssimas de amamentação e dos primeiros meses do bebê. Tentei acalmá-la falando coisas boas, mas ela estava muito assustada diante da “grande e horrível” mudança no seu estilo de vida.

No fim, ela nem estava grávida, mas me deixou preocupada. Será que as mulheres estão abrindo mão da maternidade por medo? Qual grávida que nunca ouviu para dormir muito na gestação porque depois nunca mais teria uma noite completa de sono? E as cólicas terríveis dos primeiros meses? E o desejo sexual que iria acabar? Sem falar no custo de ter uma criança, na dificuldade de encontrar uma babá confiável e outras informações negativas.

Porque ser mãe nos dias de hoje parece difícil?

Pelo olhar de muitas mulheres, ser mãe hoje parece muito difícil e catastrófico. Fora do mundo das redes sociais, onde só encontramos crianças lindas e mães felizes, a maternidade anda sofrendo um bullying danado. As grávidas estão ansiosas e as novas mães inseguras e sozinhas. Não contamos mais com aquela rede de apoio das mulheres da família que auxiliavam no cuidado das crianças, mas não podemos recriá-la? Em vez de disseminarmos experiências ruins, seria mais útil nos ajudarmos como grandes companheiras que somos nessa jornada de mães, que,  sim, não é fácil – como nada na vida o é –, mas que pode ser infinitamente mais leve e divertida do que está sendo falado por aí.

Mulher, não desista da maternidade porque você “vai ter que abrir mão de muitas coisas”. Você vai poder ser tudo o que sempre quis, inclusive mãe. Você dá conta de tudo, sim, e, se não der, é só por um tempo. É possível ter sua vida, seus momentos e voltar a ser magra como antes. Dá para curtir a vida, ir a restaurantes, viajar para a Austrália, namorar o marido e ser muito, muito feliz mesmo, com seus filhos. É só uma questão de organização, persistência e pensamento positivo.


A publicação acima foi originalmente postada na Revista Crescer em 24/04/2017.

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